“Não há nada mais trágico do que saber o que é certo e não o fazer.”

Ide Editora
3 min readMay 13, 2021

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Dois confrades, altas horas da noite, discutiam, inflamados, defendendo suas conflitantes opiniões sobre Espiritismo e Política, quando um terceiro, que fechava a porta do Centro Espírita, atento à conversa, foi chamado a opinar.

- E você? — perguntou um deles — O que pensa sobre a obrigação dos espíritas, nos dias atuais, em termos políticos?

O homem pensou por alguns segundos e respondeu:

- O ativista político, americano, Martin Luther King Jr., costumava lembrar que: “Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não o fazer”. — E continuou:

Não são os espíritas, os católicos, os evangélicos, os brancos, os negros, os homens, as mulheres, os ricos ou os pobres… Somos nós, todos nós, sem fantasia, sem rótulos, sem preconceitos, Espíritos, encarnados no planeta Terra, seguindo em evolução, que devemos agir em benefício de todos, indistintamente. É isso que aprendemos, não é?

Espiritismo é ciência, filosofia e religião. Ele nos dá argumentos para uma fé raciocinada e nos propõe uma navegação interior, com a finalidade de harmonizarmos aquilo que aprendemos e cremos com o que fazemos e pensamos.

Não somente em termos políticos, mas em casa, no trabalho, no transporte público, em sociedade ou mesmo quando ninguém nos vê…

O Cristo nos propõe cooperação, e não competição. E é com base nos valores de respeito e amor ao próximo, que Ele nos propõe o desenvolvimento de nossa moral.

Bezerra de Menezes conseguiu ser espírita e político ao mesmo tempo, foi abolicionista, um democrata a favor do progresso, sempre desprendido das coisas materiais, porque acreditava na transitoriedade da vida, e buscava uma condição igualitária de crescimento para todos, sem nunca ter misturado as duas coisas, não fazendo da política a sua religião, tampouco transformando a sua religião em política. Tinha empatia, sofria com o sofrimento do próximo e não se supunha um salvador, sempre agindo como um anônimo, a serviço do bem. Assim como também ocorreu com Eurípedes, Cairbar e outros.

Foram políticos, e cidadãos, com pensamento e atitudes de cristão, e já temos o conhecimento de que esse é o verdadeiro caminho. Quase ninguém se lembra do partido à que pertenceram, pois são mais lembrados pelo exemplo de trabalho e amor constante, na tentativa de amenizar a dor e as necessidades do próximo. Tornaram-se socorristas daqueles que mais necessitavam, principalmente dos mais pobres, sem nenhum interesse particular, agindo de acordo com a integridade de sua consciência para com o Cristo.

E assim acredito que deva ser conosco também.

Até podemos traçar um paralelo com o que Mário Quintana escreveu sobre o livro, o mundo e as pessoas: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”.

E é dessa forma que também classifico o Espiritismo, pois, se estivermos dispostos a pensar no que ele nos ensina e agirmos em conformidade com os seus ensinamentos, o mundo se tornará um lugar bem melhor.

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Em 1963, Francisco Cândido Xavier ofereceu a um grupo de voluntários, a tarefa de publicar um Anuário Espírita. Nascia, então, o Instituto de Difusão Espírita